
A esperança é verde. Eu diria que ela é amarela.
Ainda não sei como cheguei a minha poltrona: 2F. As coisas se desenvolvem numa velocidade tal que, do abrir dos olhos ao furar das nuvens, parece que poucos instantes se passaram...
Imprevistos não tem hora pra chegar: são como visitas que aparecem sem aviso prévio e ainda acham engraçado quando abrimos a porta e, perplexos, balbuciamos: - Que surpresa! O que estão fazendo por aqui?- e vão-se entrando porta adentro sem nenhuma parcimônia ou constrangimento.
Há 4 dias carrego na carteira uma pétala amarela de plástico provinda de algum objeto de decoração. Recebi-a com o encargo de carregá-la sempre para poder proteger quem a me deu. Alguém que, no momento presente, encontra-se na ponte mais alta e mais obscura de todas estas construçoes: a ponte do desespero.
A solidão nos leva a razão. Deixa-nos órfãos perdidos em ruas nunca antes frequentadas; faz-nos sentir medo e pânico de cada estranho que se aproxima até, porque, e uma vez abandonados pelos seus, como se aproximar dos demais?
Aterrissei no Aeroporto de Congonhas pouco depois da uma da tarde. Dali até Jundiaí não era longe. Não seria longe se o tempo não estivesse correndo contra mim. E eu contra o tempo.
Conduzida pelos ventos, na velocidade da luz, cheguei até minha borboleta da flor amarela. Os danos foram os menores pelo agravamento do seu estado: apenas um asa quebrada. Juntei-me a ela e, abraçadas, iniciamos nosso vôo de volta.
A viagem será longa e a estrada incerta. Mas, pelo menos, e agora, todas as nossas borboletas estão voando pra casa juntas.